A Peugeot lançou em junho a nova Partner, que chega às concessionárias no final do mês com preço partindo de R$ 45,2 mil na versão de entrada (sem ar-condicionado). O item de conforto só está disponível na versão Escapade (R$ 50,6 mil), que também pode receber airbag duplo, ABS e rodas de liga-leve por mais R$ 5 mil. A opção furgão chega às lojas em julho, sem preço divulgado.
O Partner é o “irmão gêmeo” do Citroën Berlingo, multivan que tinha como destaque o teto-solar de lona a la Fiat 500. Composto por Renault Kangoo, Peugeot Partner e Fiat Doblò (o Berlingo não é mais oferecido no Brasil), este segmento vende em média 1,2 mil carros por mês, o que equivale aproximadamente a 0,48% do mercado.
Porém a Peugeot não vê isso como impeditivo, e aproveita o espaço aberto pela Citroën (que vai concentrar seus esforços no Aircross) para alavancar as vendas do Partner, antes vendido apenas na versão furgão. A meta da marca é vender 400 carros por mês, metade na configuração para cinco passageiros.
Para ganhar novos consumidores (e convencer os antigos proprietários da Berlingo), a Peugeot aposta na mesma receita do Kangoo, com boa lista de itens de série por um preço próximo dos concorrentes. Aliás, põe próximo nisso: o Renault custa apenas R$ 120 a mais quando comparadas as versões de entrada.
Por dentro, os franceses se equiparam, com direção hidráulica, vidros e travas elétricas como principais itens de série. Entre as diferenças, destaque para a segunda porta corrediça e retrovisor elétrico do lado direito (sim, só do lado direito) no Partner, além de seu motor 1,6-litro ter potência superior (113 cv com etanol) ao do Kangoo (98 cv).
A inspiração nos rivais também se deu na reestilização. Assim como Kangoo e Doblò, o Partner ganhou uma nova dianteira no Brasil meses após sua versão europeia mudar de geração. Justiça seja feita, o Partner antigo ainda é vendido na Europa, com o sobrenome Origin. Maior e mais moderno, o novo Partner não teria muito mercado aqui – assim como as novas gerações do Doblò e Kangoo.
A versão avaliada pelo WebMotors no lançamento da Partner é a Escapade. Assim como na Hoggar e 207 SW, a versão procura ter um visual mais aventureiro, o que inclui adesivos na carroceria, pneus de uso misto e grade nos faróis e lanternas.
A proteção tem lá sua justificativa para carros que enfrentam trilhas pesadas, protegendo as peças do impacto de galhos e pedras grandes. No Partner o acessório dá um ar diferente para o carro, mas pode não agradar a todos. Neste caso, o proprietário não terá muita opção: parafusada na carroceria, a grade não pode ser retirada sem deixar marcas, e a única versão sem o acessório também não tem ar condicionado nem como opcional.
Outro pacote compulsório é o airbag duplo e ABS, somente disponível no Partner Escapade. Tudo bem que a obrigatoriedade para o equipamento só será integral em 2014, mas a Peugeot poderia ao menos oferecer o item de segurança como opcional em todas as versões, como o sensor de estacionamento, que pode ser instalado na concessionária.
Por dentro o Partner ganhou um novo painel bicolor, mais moderno e com ergonomia razoável. Comandos dos vidros e trava elétrica estão no console central, assim como o ar-condicionado, cujo acionamento da recirculação está embutido no comando do ventilador, solução antiga que reflete a idade do projeto. A alavanca de câmbio tem engates firmes, apesar de a alavanca ser um pouco baixa em relação ao assento.
Ao volante, o Partner lembra um veículo menor. Com dois passageiros e sem carga, o propulsor 1,6-litro (o mesmo que equipa outros modelos da PSA) mostra bom fôlego para efetuar ultrapassagens. O silêncio na estrada é garantido por um bom isolamento acústico somado à longa quinta marcha, mantendo o motor a moderados 2.900 rpm a 120 km/h.
Nas curvas, porém, o Partner lembra que estamos dirigindo uma multivan com 1,86 m de altura. O centro de gravidade elevado faz com que mudanças repentinas de direção exijam perícia razoável do motorista. Característica inerente do projeto, a estabilidade abaixo da média poderia ser remediada com uma caixa de direção menos direta, principalmente em altas velocidades.
Nos bancos traseiros o espaço é generoso, mérito do teto alto e do entre-eixos de 2,69 m. Ao contrário da Berlingo, a Peugeot não oferece a terceira fileira, como no Kangoo. A opção pode não agradar a quem usa o carro para levar a família e mais alguns adendos, mas também não prejudica o volume do porta-malas, que neste carro é de 624 litros, podendo chegar a 2.800 com os bancos rebatidos.
O consumidor do Partner é mais específico do que o de outros modelos. Procura um carro versátil, que pode levar cargas volumosas ou cinco pessoas com conforto superior ao de monovolumes compactos. Questões como acabamento e posição de dirigir não estão entre as prioridades, ao contrário da manutenção e rede de assistência técnica – em especial para a pessoa jurídica. Neste quesito a Peugeot oferece 1 ano de garantia total e 3 anos para motor e câmbio, além de um pacote de revisões com preço fechado.
A disputa com a Renault não será fácil. Ambas possuem ampla rede de concessionários (153 na Peugeot) e os dois produtos já estão consolidados no segmento comercial. Para combater a conterrânea, a Peugeot mudou bastante, no caso da Partner, 240 peças, mas somente as vendas dirão de a Partner entrará no vocabulário popular. Mesmo que seja em uma roda de pais de família.