Adesão a consórcio de veículos bate recorde

Se por um lado as vendas financiadas apresentaram aumento discreto, de 6,4%, no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, o sistema de consórcios de veículos marcou recorde histórico. Esse setor, que inclui automóveis, utilitários e camionetas registrou no acumulado dos três primeiros meses do ano 198,8 mil novos consorciados, ficando 54,3% maior que o mesmo período de 2010, quando chegou a 128,8 mil. O consórcio se mostra economicamente vantajoso para a aquisição de bens de forma planejada.

Outro recorde histórico aconteceu no segmento de motocicletas e motonetas, com as novas cotas vendidas chegando a 119,5 mil, em março. Entre janeiro e março, o total atingiu 336 mil - 19,7% mais que o acumulado no mesmo trimestre de 2010, que apontou 280,7 mil. O impulso nas adesões provoca, em médio prazo, aumento nas contemplações mensais e, por consequência, gradativamente, uma maior presença nas vendas no mercado interno de motos.

Na opinião de Carlos Alberto Teixeira Lyra, presidente Regional Nordeste da Associação Brasileira de Consórcios - Abac -, o recorde de vendas de cotas de consórcios mostra que o consumidor está conseguindo fazer um melhor planejamento de despesas. "Dessa maneira, pode comparar os custos de aquisição de um bem via financiamento ou via consórcio. E a vantagem do consórcio de não ter incidência de juros está levando mais consumidores a optarem por essa modalidade de compra de veículos", explica.

O consórcio, na verdade, é uma forma de disciplinar a formação de "pé de meia". Uma pesquisa realizada pela Abac identificou que mais de 40% da população não consegue poupar dinheiro para constituir patrimônios. "Nesse contexto, o consórcio entra como uma forma de poupança forçada, que no final irá gerar um patrimônio, por exemplo, automóvel ou motocicleta. Dessa forma, ele ajuda no consumo responsável e no planejamento financeiro", conclui Lyra.

MERCADO LOCAL

Quanto aos dados a respeito da atuação do sistema de consórcio em Sergipe, Carlos Alberto informa que o Banco Central, detentor da base de dados, não disponibiliza balanços em nível estadual nem regional. "No entanto, realizamos uma pesquisa via nossa associação e os números são semelhantes aos do Brasil. Neste trimestre, tivemos um aumento no setor de automóveis de 54% e de motocicletas, em 19%, com relação ao trimestre do ano passado", completa.

Na análise de Carlos Lyra, o sistema de consórcio continua muito bem tanto para automóveis quanto motocicletas. Além dos consumidores que adquirem o primeiro automóvel, há uma parte que opta pelo consórcio para adquirir um carro mais caro. "Esse público geralmente soma o veículo usado à carta de crédito do consórcio para adquirir um mais completo e pagando uma parcela mais acessível e sem juros", acrescenta.

Já o consórcio de motos é mais procurado pelas classes C e D, consumidores que desejam um veículo para ter mais liberdade de locomoção tanto para ir ao trabalho quanto para o lazer nos finais de semana. "Esse público opta por essa forma de compra porque conta com parcela bem acessível e cadastro simplificado", explica Lyra.

É importante ressaltar que a projeção de crescimento de vendas de consórcio no encerramento de 2011 é de 9,5% em relação ao ano passado. Para Carlos Lyra, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras - IOF -, compulsório nos financiamentos, coloca ainda mais em destaque as vantagens do consórcio para o consumidor que valoriza cada vez mais seu dinheiro.

"O consórcio é uma opção inteligente e muito mais barata que o financiamento bancário, por não haver a incidência de juros. Além disso, ao ser contemplado, o consumidor poderá utilizar o valor da carta de crédito com o poder de quem compra à vista, ou seja, poderá barganhar e obter excelentes descontos", avalia Lyra. Ele acrescenta que a diferença entre o investimento que se faz em um financiamento e um consórcio para compra de um veículo pode corresponder até ao valor de outro carro novo.

Pesquisa revela intenção de usuários

Uma pesquisa que a Abac encomendou à Quorum Brasil mostra que 73,2% de potenciais compradores entrevistados apontaram, em resposta múltipla, desejo de adesão a grupos de serviços: 68,6% para motocicletas, 67,4% para automóveis e 65% para imóveis. Já a apuração das respostas dos consorciados mostrou a duplicação da presença da classe C nos setores de automóveis (158,3%) e motocicletas (153,6%), entre 2010 e 2006.

O estudo revela ainda maior participação das mulheres nas decisões de compra de cotas, especialmente nos eletroeletrônicos (105%), caminhões (92,9%) e imóveis (70,8%). Interessante observar ainda que o número de jovens de 20 a 29 anos aumentou nos consórcios de automóveis (120%) e imóveis (50%).

Entre vários outros aspectos destacados no levantamento, observa-se que 53% dos consumidores identificam no consórcio uma forma de investimento em longo prazo, facilidade em adquirir um bem, poupança em longo prazo e financiamento sem juros. Ao pensar na formação de seu patrimônio, o brasileiro revelou também que considera o consórcio como um bem de futuro, incluindo-o entre seus três principais objetivos, ao lado do imóvel e da caderneta de poupança.

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