Bem longe da turbulência

Num panorama nada animador para o conjunto da economia brasileira – as projeções sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país variam entre queda de 1% até crescimento de 1,5%, no máximo –, as administradoras de consórcios estão para lá de otimistas. De acordo com a Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac), o setor projeta crescer entre 6% e 8% este ano. Isso depois de ter terminado 2008 com aumento de 5,7% no número de cotas vendidas.

– Estamos entusiasmados com o cenário para 2009. Temos um consumidor mais consciente, que prefere um consumo responsável por meio de uma poupança prévia em vez do compromisso com um financiamento – afirma Vitor Bonvino, vice-presidente da Conselho Nacional da Abac.

São várias as razões que sustentam o otimismo dos empresários do ramo. Uma das principais foi a entrada em vigor, em fevereiro, de uma nova legislação que abriu o sistema de consórcios também para o segmento de serviços. Agora, além dos grupos para aquisição de bens (automóveis, imóveis, eletroeletrônicos, caminhões, máquinas agrícolas, aeronaves e embarcações), as administradoras podem vender cotas para pagar diversos serviços como saúde e educação.

– É um segmento com grande potencial e que deve ganhar corpo nos próximos três anos – argumenta Bonvino.

Outra razão para o otimismo do setor vem da própria crise econômica mundial, que acabou reduzindo o volume de crédito no mercado financeiro e diminuindo os prazos dos financiamentos.

– Em uma situação de crise, como a atual, a reação do consumidor é esperar para ver. E o consórcio é o típico produto em que a pessoa espera. Vai pagando as parcelas enquanto aguarda ser sorteada ou o momento mais adequado para dar um lance – diz Hélio Vivaldo Domingues Dias, gerente da Bradesco Consórcios, líder brasileira nos segmentos de consórcios de imóveis, automóveis e veículos pesados (caminhões e máquinas agrícolas).

Na prática, a crise está atraindo para os consórcios uma parcela dos consumidores que antes utilizavam outras modalidades de crédito e que não se enquadram no perfil tradicional dos clientes do sistema, formado principalmente por pessoas que investem em compras programadas – como uma espécie de poupança – e que não têm pressa em receber o bem adquirido.

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