Com consórcio, imóvel pode sair pela metade de um financiamento

Com a alta dos juros praticada pelo Banco Central nos últimos meses, os financiamentos no país ficaram um pouco mais caros neste ano. Para quem quer comprar a casa própria, mas pode esperar algum tempo, o consórcio aparece como boa opção.

A modalidade, uma espécie de poupança coletiva, não cobra juros. Simulação feita pelo consultor Mauro Calil, da Calil&Calil, a pedido da Folha, mostra que, em comparação a um financiamento, o consórcio permite economizar mais de 100% do valor do imóvel em juros.

Isso porque, em um empréstimo de 15 anos, por exemplo, o tomador pagaria, ao final do prazo 2,7 vezes o valor emprestado em decorrência dos juros. No caso do consórcio, o montante pago pelo consumidor seria de 1,24 vezes o valor do imóvel.

É preciso ficar atento, porém, aos custos do consórcio. Embora o participante não pague juros, a administradora cobra outras taxas, como de administração e de seguro prestamista -que protege o grupo caso o consorciado não consiga pagar as parcelas. O interessado deve procurar algumas companhias que oferecem o consórcio para comparar essas taxas.

"A grande desvantagem do consórcio é uma possível demora para a aquisição do bem", diz Calil. Ao entrar em um consórcio, o consumidor não sabe quando será contemplado --ou seja, quando receberá a carta de crédito para comprar seu imóvel.

Isso significa que, em um grupo de 15 anos, por exemplo, é possível ter o direito apenas ao final do período.

"O ideal é ser contemplado o quanto antes, de preferência ainda no primeiro ano do consórcio. Depois disso, você pode sofrer com a valorização do preço dos imóveis", destaca o consultor.

ADIANTAMENTO

Para adiantar a contemplação, existem duas formas: os lances e os sorteios, que acontecem em todas as assembleias do grupo de consórcio --a periodicidade delas e quantos serão sorteados dependem das particularidades de cada contrato.

Para dar um lance, é preciso que o participante tenha um valor economizado que possibilite o adiantamento de parte das parcelas do consórcio. Quem oferecer o maior valor naquela assembleia, leva a carta de crédito.

Também é possível usar o saldo acumulado no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para dar um lance e obter o crédito.

A valorização dos imóveis é outro fator a ser considerado na hora de fazer um consórcio. No momento da contemplação, o dinheiro virá corrigido pelo INCC (Índice Nacional da Construção Civil) --assim como as parcelas, que são corrigidas pelo índice anualmente.

"Portanto, a estratégia de usar o consórcio é inteligente com as seguintes premissas: não se necessita do imóvel imediatamente e não há grande valorização imobiliária acima da inflação na região onde se pretende adquirir o imóvel", diz Calil.

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