Restrições ao crédito do BC incentivaram forma de parcelamentoA secretária Laine Alves Machado e o seu filho, o cobrador de ônibus Edison Alves Machado, acabam de comprar o primeiro carro da família. O negócio foi por meio de um consórcio, modalidade impulsionada por medidas do Banco Central que restringiram os financiamentos em dezembro.
Conforme a Associação Brasileira de Administradores de Consórcio (Abac), esta forma de compra de bens teve crescimento recorde em 2011: 54,3% nos três primeiros meses do ano.
“Vimos o retorno imediato. A maioria dos nossos clientes chega na área comercial com a proposta do financiamento, mas decide pelo consórcio”, afirma o presidente regional da Abac para o Sul, Leonel Paulo Guimarães Souza.
Além de não ter urgência em dirigir o carro novo, o cliente de consórcio costuma pertencer a algum destes perfis: tem dificuldade para guardar dinheiro por conta própria – assim, vê a modalidade como uma forma de poupança – ou pensa em trocar o carro em longo prazo.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, recomenda optar pelo financiamento apenas quando o cliente precisa do carro imediatamente. “O consórcio é mais barato sobre qualquer hipótese. Se eu tivesse um bom dinheiro, faria o consórcio, daria um lance e tiraria o carro imediatamente”, diz.
Laine afirma que só conseguiu comprar um carro porque fez o consórcio. “O financiamento, com os juros altos, na minha condição financeira, não era uma opção”.
Dados da Abac apontam que, nos últimos quatro anos, aumentou a participação da classe C no segmento, assim como a de mulheres e jovens entre 20 anos e 29 anos. O crescimento da demanda nos últimos tempos é notada nas concessionárias, segundo o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de Santa Catarina (Sincodiv/SC), Sérgio Ribeiro Werner.
“A demanda crescente pelo consórcio é clara e pode ser facilmente explicada. Com a limitação de prazos, valor mais alto de entrada e aumento dos juros no financiamento, o consórcio se tornou atrativo”.