O consórcio nasceu no Brasil na década de 60, com o início da insdústria automobilísitca. Um grupo de funcionários do Banco do Brasil teve a ideia de criar um sistema de fundo para a compra de veículos. Como não havia políticas de crédito e a economia poderia mudar do dia para a noite, esse sistema fez sucesso até meados da década de 90. "Era mais ou menos assim: juntavam-se dez amigos que queriam videocassete. Eles dividiam o preço em dez cada participante dava sua parte. A cada mês, o responsável coletava o dinheiro, comparava o vídeo e sorteava o vencedor. O restante da turma curtia os filmes na casa do felizardo", brinca Fábio Gallo, professor definanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
É nos mesmos moldes, mas com mais profissionalismo, regras mais rígidas e fiscalização, que os consórcios de hoje atuam. Entretanto, o perfil do consorciado mudou. No caso do sistema de Consórcio de Imóveis, uma pesquisa de Erivaldo Costa, professor de Economia de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo, mostrou que o consórcio hoje é usado como investimento para quem já tem casa própria. Segundo a Associação Brasileira de administradores de Consórcios (Abac), entre janeiro e fevereiro de 2010, o volume de negócios atingiu R$8,6 bilhões no sistema de consórcios, representando 43,3% mais que no primeiro bimestre de 2009. Quem liderou esse crescimento foi o ramo imobiliário, que registrou alta de 46,4%. Alguns fatores explicam o aumento. "No consórcio não existem juros, apenas taxas de administração. O valor total e as prestações tendem a ser menores. Além disso, há menos burocracia, pois não se exige comprovaçõa de renda", afirma Erivaldo. Com o financiamento imobiliário, o comprador adquire uma dívida com uma instituição financeira, e sobre o valor são cobrados juros. "Porém a instituição paga á vista o imóvel, e você recebe o bem assim que o financiamento é liberado. O problema é a burocracia envolvida, que exige comprovação de renda", completa o profissional. Para comparar os dois sistemas, pedimos a Erivaldo que calculasse a compra de um imóvel padrão de classe média (de dois quartos) em são Paulo. O valor aproximado é de R$140 mil, e o período para pagamento é de 180 meses (15 anos). Se o comprador tiver 20% (R$28 mil) para dar de entrada, seu financiamento seria de R$112 mil. Pelo sistema de Amortização Constante (SAC) e com taxa de juros de cerca de 9% ao ano, as prestações iniciais seriam de R$1550,00 chegando a um valor em torno de R$700,00 no final. Desconsiderando as atualizações monetárias (TR), o gasto total com o financiamento resultaria aproximadamente R$194 mil. Com os mesmos R$112 mil em um Consórcio de Imóveis, considerando constantes os valores das parcelas, ou seja, sem correções anuais de acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC, calculado pela Fundação Getúlio Vargas), a prestação mensal aproximada seria de R$780,00, levando-se em conta as taxas médias de administração e seguro. No final do plano, o gasto total aproximado seria de R$140 mil no Consórcio de Imóveis. Inferior, portanto, ao financiamento imobiliário que sairia R$194mil. Diferença de R$54 mil.