Os bancos reduziram as taxas para a compra de automóveis, no entanto prazos mais longos e custos menores beneficiam a poupança programada.
Mesmo com as recentes reduções anunciadas pelos bancos no custo do financiamento de veículos, o consórcio continua a ser mais vantajoso por ter valores inferiores, prazos superiores e concessão facilitada, já que não há análise de crédito. Mas permanece com diferencial, pois o bem é retirado somente com o pagamento do total das parcelas, sorteio ou lances. De acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), nos primeiros três meses de 2012 o consórcio atingiu 15,2% de participação na venda de veículos leves, contra 11,8% até dezembro de 2011.
Segundo dados da Abac, de março, os consórcios somavam 4,850 milhões de cotistas, alta de 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. O total de novas cotas comercializadas chegou a 596 mil, sendo somente o mês de março responsável por 209 mil, contra 198 mil em março de 2011. Também no primeiro trimestre, as contemplações atingiram 301,600 mil, alta de 15%.
De acordo com o presidente da Abac, Paulo Rossi, crédito e consórcio são produtos distintos, pois o último é direcionado para o cliente que não precisa do veículo imediatamente. Mas esclarece que as reduções nas taxas de juros das instituições financeiras não afetam diretamente o setor de consórcios. “As condições para as quedas são específicas e exigem uma entrada alta. Quem precisa do automóvel, pode dar um lance do valor da entrada, em torno de 50%.”
Para exemplificar, Rossi menciona o consórcio de um carro no valor de R$ 40 mil, com prazo de 60 meses e taxa de administração de 0,25% ao mês. “Ainda que considere um reajuste anual de 3,6%, daria uma variação de 26% sobre o valor do bem”.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, concorda que no cenário atual o consórcio continua mais barato, mas que com a tendência de queda a vantagem tende a diminuir. “Com taxa de administração e fundo de reserva, o consórcio corresponde a juros de 0,72% ao mês e isso não existe atualmente. A menor taxa no crédito está em 0,89% e com condições especiais como 50% de entrada. Se o cliente der 50% de lance, consegue o veículo no consórcio com custo mais baixo.”
Entre as instituições financeiras, a menor taxa apresentada foi pela Caixa Econômica Federal, de 0,89% ao mês (a.m.). Mas para atingir esse percentual, o correntista precisa dar 50% de entrada e usar o prazo de até 12 meses.
Condição semelhante pode ser vista no Banco do Brasil. Para obter a nova taxa mínima, que passou de 1,24% para 0,95% ao mês, a entrada necessita ser superior a 50% e o prazo fica entre 2 e 58 meses.
No Bradesco, o juro mínimo passou de 1,35% para 0,97% ao mês com entrada de 40% e financiamento em até 12 meses. Já no Itaú Unibanco, a mínima está em 0,99% ao mês e é válida para clientes correntistas há mais de um ano, em operações com 50% de entrada e parcelamento em até 24 meses.
O HSBC também reduziu os juros, de 1,48% para 0,98%, mas informa apenas, por meio da assessoria de imprensa, que as taxas dependem do relacionamento.
Para 2012, a Abac prevê crescimento entre 7% e 9% do setor, que possui atualmente 200 administradoras ativas.