Financiamento para quem tem pressa, consórcio para escapar dos juros

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Se você está querendo comprar um carro ou uma casa, é melhor pensar bem, antes de escolher entre financiamento ou consórcio. Se você tem pressa, escolha o financiamento e prepare o bolso para pagar até o dobro do produto com os juros mensais. No entanto, se a compra planejada e o investimento lhe atraem mais, mergulhe de cabeça no consórcio, mas esteja disposto a esperar meses, ou até anos, para ser sorteado e receber seu carro ou imóvel. As duas opções carregam consigo vantagens e desvantagens, mas o conselho de um especialista está acima de tudo: em tempos de crise, nada como comprar à vista.

O economista Zivanilson Teixeira e Silva defende que a compra à vista é a mais segura em épocas de juros altos e escassez de crédito no mercado. Mas para aqueles que não dispõem de uma quantia robusta de dinheiro para pagar um carro ou uma casa à vista, a melhor alternativa é mesmo o consórcio. ‘‘O consórcio é uma boa opção para quem quer comprar um automóvel agora. O grande problema é apenas o lance, porque quando a pessoa é sorteada tem aquele rateio e tem que pagar a diferença aos demais sócios. Mas ainda é a melhor opção porque funciona como uma espécie de carta de crédito’’, opina.

Entretanto, quem não pode esperar pelos sorteios de um consórcio e precisa de um automóvel ou uma casa em curto prazo, não tem alternativa que não seja um financiamento. Mas o economista alerta: é preciso estar atento às taxas de juros, que não podem passar de 5% ao mês. As financiadoras das concessionárias de automóveis, por exemplo, estão praticando taxas um pouco acima de 1%, mas há bancos onde esses índices são bem maiores. Além de observar as correções, Zivanilson aconselha o consumidor a esperar. Com a iminência de queda na Selic, a taxa básica de juros brasileira, quem puder aguardar e comprar um carro no final do ano, melhor ainda.

‘‘Até o final do ano a Selic deve chegar a 9,25% e aconselhamos as pessoas a esperarem, porque os bancos serão forçados a diminuir os juros e isso também melhora a vida do consumidor. Não faz mal esperar’’, aconselha. O economista dá o próprio exemplo para ilustrar: ele está tentando trocar de carro, mas como sabe que as taxas de juros vão cair e as prestações do veículo ficarão menores, irá esperar até o final do ano para fazer a troca.

Em suma, o conselho do especialista é que neste momento de incertezas o melhor a fazer é entrar num consórcio. ‘‘Não há dúvida de que esta é a melhor opção para aquisição de um carro novo. Com a redução do IPI, que agora foi prorrogada até junho, ficou muito mais fácil e barato. Quem não tiver pressa de ver seu carro na garagem, pode se dirigir a um consórcio que esta é a melhor hora’’, diz ainda.

Opção para compra planejada

"O consórcio é a melhor maneira de adquirir um bem para quem quer comprar de forma planejada’’, defende o diretor do Consórcio Eldorado, Sérgio Freire, reforçando o coro do economista Zivanilson Teixeira e Silva. A grande diferença entre o financiamento e o consórcio, aponta o empresário, é que o primeiro serve para as pessoas que não podem ou não querem esperar para receber o bem. Para quem tem pressa, é preciso estar disposto a arcar com os prazos longos e os juros altos.

‘‘O consórcio não lhe dá o bem obrigatoriamente na hora que se quer, mas em contrapartida você não se sujeita às elevadas taxas de juros cobradas pelas financeiras. Sem dúvida alguma eu diria que o consórcio é a melhor forma de adquirir um bem, desde que não esteja necessitando de imediato‘‘, comenta Freire. O fato de num consórcio o cliente pagar pelo bem o preço de à vista é outro ponto positivo da modalidade. A segurança, principalmente agora com a aprovação da Lei dos Consórcios, é mais um item a favor.

Ao fazer uma análise genérica do setor, Sérgio Freire diz que o segmento está em plena ascensão. Recém-saído da presidência da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios, o empresário diz que o setor hoje conta com mais de 3,6 milhões de consorciados em todo o Brasil. E com a publicação da Lei dos Consórcios, o segmento ganhou novo fôlego com a formação de grupos de serviços. ‘‘Qualquer serviço hoje, seja médico, odontológico, educacional pode ser adquirido nos sistemas de consórcio’’, acrescenta.

SEMELHANÇA

A nova modalidade se assemelha a um consórcio de um automóvel ou uma moto. O cliente entra em um grupo e quando é contemplado recebe o montante para pagar à vista o procedimento ou serviço que desejar adquirir. As parcelas também são pagas sem juros e os planos variam, podendo chegar até 20 meses. Segundo Freire, o setor está muito ‘‘esperançoso’’ com a modalidade e espera-se que até o final do ano se formem pelo menos seis grupos de consórcios desse tipo no estado.

A projeção de crescimento do setor para este ano é otimista: 12% no Rio Grande do Norte. ‘‘Num momento onde está havendo recessão de crédito e ele está muito mais seletivo, o consórcio se beneficia. Os juros mais altos e a escassez de crédito estão impulsionando o crescimento do setor’’, registra. Segundo Sérgio, os imóveis são, agora, a grande aposta dos consumidores, sendo o item mais vendido nos últimos meses.

O Poti - Qual o melhor caminho para quem quer comprar sem pagar à vista: um consórcio ou um financiamento? E por quê?
Carlos Henrique de Melo - Sem dúvida nenhuma o consórcio. Porém, temos dois perfis de compradores, os que preferem o bem de imediato e aqueles que programam suas compras. O primeiro, por ser imediatista, vai pagar um valor exorbitante no financiamento, até porque os juros estão nas alturas. O segundo que planeja a aquisição, terá a grande vantagem ao optar pelo caminho do consórcio pelo fato de não ter juros.

Quais as vantagens e as desvantagens do consórcio?
As vantagens são múltiplas. O cliente, como já vimos anteriormente, não paga juros. Desvantagem não há. Só vejo desvantagem para o consumidor que não optar pelo consórcio.

O setor aqueceu ou esfriou com a crise?
O consórcio está com as vendas a todo vapor, com a propalada crise houve um grande boom e aquecimento. Primeiro porque quem investiu na bolsa perdeu e perdeu muito, quem investiu no consórcio teve o seu poder de investimento assegurado e também pelo fato de que as instituições financeiras manterem juros escorchantes. O consórcio não é só para a aquisição de bens, é também uma poupança forçada, uma disciplina financeira.

Nesse momento de incertezas e de falta de crédito no mercado é melhor recorrer a um financiamento ou a um consórcio?
Com certeza recorrer ao consórcio, como o próprio meio jornalístico noticiou com muita frequência, apesar dos juros altos as instituições financeiras estão dificultando a aprovação de cadastros. O consórcio, pelo contrário, lançou novos planos, tais como cirurgias plásticas, viagens, festas e como nunca está incentivando cada vez mais as vendas do consórcio.

Qual o produto ou serviço que está sendo mais procurado nos consórcios?
Sem dúvidas o imóvel é a bola da vez, portanto o que mais vende.

Publicado em: | Atualizado em: 22/05/2018