Rigor para financiamento faz consórcio crescer

Mesmo num ambiente de taxas de juros em queda livre, o que deveria privilegiar os financiamentos bancários, os consórcios estão crescendo. E o motivo é simples: as instituições financeiras estão sendo cada vez mais rigorosas na análise para a concessão de empréstimos e, mesmo quando aprovam o cadastro do cliente, exigem uma entrada de, no mínimo, 30% do valor do bem, que pode chegar a 50% ou mais quando o alvo do financiamento é, por exemplo, uma moto.
 
"Com o crédito mais seletivo, os consumidores estão migrando para o consórcio", admite Paulo Roberto Rossi, presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (Abac). De acordo com ele, de cada 10 pessoas que apresentam propostas nos bancos para financiar uma moto, apenas duas saem com o contrato assinado. Diante da dificuldade, agravada pelo período de parcelamento mais curto, os clientes estão se voltando para esse tipo de custeio em grupo, que, além de manter prazos entre 50 e 60 meses para a aquisição de veículos e motocicletas, não exige entrada nem sofre com a incidência das taxas de juros.
 
À vista
Grosso modo, num consórcio, a pessoa está pagando para uma administradora cuidar do seu dinheiro. Especialistas e educadores financeiros são unânimes em assegurar que, em qualquer compra, o pagamento à vista é sempre mais vantajoso para o consumidor. Com o dinheiro em mãos, ele consegue não apenas descontos, mas também agregar valor à transação. Se tiver paciência e disciplina, pode depositar uma quantia todo mês na poupança e juntar o suficiente para comprar o bem em muito menos tempo que em um grupo de consórcio.
 
O próprio presidente da Abac faz coro com os especialistas, afirmando que a melhor compra é aquela quitada no ato. "Mas para isso é preciso ter dinheiro, o que a maioria não tem", pondera. Com a experiência de estar há anos no mercado, Rossi observa que o autofinanciamento pode ser uma armadilha. "As pessoas muitas vezes até começam a poupar, mas a tentação de sacar o dinheiro frente a qualquer emergência é grande. Sem contar que, num eventual aperto, a primeira coisa que a pessoa faz é interromper os depósitos", observa.
 

Publicado em: