Vendas crescem 17,5% e volume de negócios supera R$ 76 bi

No ano que o Sistema de Consórcios completa 50 anos, recordes de 2011 são desafios para as perspectivas de 2012, cuja projeção fica entre 7% e 9%.

Em 2011, o volume de negócios do Sistema de Consórcios apresentou crescimento significativo (20,9%), totalizando R$ 76,4 bilhões, resultado do aumento de 17,5% na venda de novas cotas em relação ao ano anterior. “Se no início de 2011 projetávamos uma evolução entre 7% e 8% e estávamos cautelosos, podemos afirmar, hoje, que o resultado foi, ao longo do ano passado, se mostrando firme e crescente”, diz Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios.
 
Segundo a assessoria econômica da entidade, o acumulado nos doze meses de 2011 foi de 2,49 milhões de novas cotas comercializadas (novo recorde) contra 2,12 milhões, totalizadas no ano anterior. As contemplações, momento em que os consorciados de posse da carta de crédito podem adquirir seus bens ou serviços, acumularam 1,09 milhão (jan-dez/2011), também recorde, 11,2% mais que as 980,6 mil (jan-dez/2010) contabilizadas anteriormente.
 
O número de participantes ativos, incluindo veículos leves (automóveis, camionetas e utilitários), veículos pesados (caminhões, ônibus, semirreboques, tratores, implementos agrícolas, entre outros), imóveis, eletroeletrônicos e serviços atingiu 4,65 milhões (recorde), em dezembro de 2011, 14,5% a mais que os 4,06 milhões atingidos no mesmo mês de 2010.
 
Os ativos administrados do Sistema de Consórcios foram estimados em R$ 107 bilhões, em 2011, 13,8% superior aos R$ 94 bilhões de 2010. Nos últimos cinco anos, o crescimento foi de 98,1%. Em 2006, somavam R$ 54 bilhões. Somente os recebíveis aumentaram 14,8%. Saltaram de R$ 81 bilhões (2010) para R$ 93 bilhões (estimados para 2011). As disponibilidades também apresentaram alta no mesmo período, 7,7%. Acumulavam R$ 13 bilhões em 2010 e foram estimados em R$ 14 bilhões, para o ano passado.
 
Também a arrecadação de tributos e as contribuições sociais acompanharam o crescimento das atividades consorciais apontando alta de 21,2%. Em 2010, o volume atingiu R$ 957 milhões, enquanto em 2011 foi estimado em R$ 1,16 bilhão.
 
Perspectivas para 2012-Depois de 2011, com resultados positivos e bem acima da previsão para o PIB, o Sistema de Consórcios chega a 2012, ano do seu cinqüentenário e também dos 45 anos da ABAC, alinhado às expectativas nacionais. Ao reafirmar sua presença na realização dos sonhos de consumo de muitos brasileiros como a casa própria, o carro da família, motocicletas, caminhões, máquinas agrícolas, eletroeletrônicos, viagens, festas e os mais variados serviços, os consórcios demonstram o quanto é possível consumir com responsabilidade de forma programada e com menor custo.
 
Se com consórcio não há crise, esse modelo genuinamente brasileiro é capaz de fomentar o crescimento nacional estimulando o consumo responsável com base na poupança com objetivo definido. Paralelamente, desenvolve uma política inclusiva com a melhoria do planejamento e a difusão da educação financeira.
 
O resultado pode ser notado em toda a cadeia produtiva – indústria, comércio e serviços – com a programação da produção, em função da carteira de pré-venda e do consequente planejamento a médio e longo prazos. Ao assegurar a continuidade das vendas, o mecanismo possibilita a estabilização do nível da atividade econômica, dispensando a utilização de dinheiro público sem provocar impacto inflacionário.
 
A despeito da instabilidade econômica internacional, mas depositando bastante confiança nas medidas preventivas tomadas pelas autoridades monetárias, espera-se que o Brasil vivencie com menor intensidade os efeitos daquela crise. Aliás, autoridades de outros países têm feito comentários elogiando essa política que, direta ou indiretamente, gera melhores perspectivas para os consórcios.
 
“Com foco no mercado interno, a economia brasileira deverá buscar nos mecanismos de venda parcelada sua evolução. Há bastante confiança de que os consórcios continuem sendo procurados por consumidores que planejam o futuro, que analisam e comparam as diferenças de custo e que avaliam a necessidade imediata do bem ou serviço. Por isso, de forma conservadora e por entender que a migração entre as classes sociais continuará, acreditamos no crescimento entre 7% e 9% nos negócios com novas cotas”, continua o presidente executivo da ABAC.
 
Veículos leves-Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 2/3 das famílias brasileiras acreditam ser agora (2012) o momento para adquirir bens duráveis. Essa expectativa positiva, aliada à política econômica adotada pelas autoridades governamentais, sinaliza mais oportunidades para os consórcios como fator de desenvolvimento para todos os elos da cadeia produtiva, a médio e longo prazos.
 
No setor de veículos automotores, um dos principais do país, o foco maior está nos leves (automóveis, camionetas e utilitários) que, segundo a Anfavea continuará aquecido, com destaque para a estabilidade dos preços e a acirrada concorrência entre as marcas.
 
Esses elementos trazem possibilidades para aumento de comercialização de novas cotas e utilização do crédito da contemplação nas promoções periódicas, já tradicionais nesse mercado.
 
Veículos pesados-Entre os veículos pesados (caminhões, ônibus, tratores, implementos rodoviários e agrícolas, entre outros), há vários fatores que impactarão as vendas de novas cotas. Dados preliminares têm sinalizado que o segmento de caminhões poderá vir a apresentar retração nas vendas entre 15% e 25%. Com obrigatoriedade do Proconve P7, para caminhões e ônibus, um processo de antecipação de aquisição dos novos veículos será vivenciado nos primeiros meses de 2012.
 
Observa-se também que os canais de vendas, as concessionárias de veículos, estimularão as adesões aos consórcios, considerando, por exemplo, que as grandes obras necessárias para realização da Copa do Mundo 2014, da Olimpíada do Rio de Janeiro e da usina hidrelétrica de Belo Monte, bem como a exploração de novas frentes agrícolas e o aumento na produção de grãos e nas exportações de commodities, continuarão ensejando a ampliação ou renovação das frotas de pesados. Já nas grandes cidades, com a restrição crescente desses veículos, haverá estímulo para venda de leves e semileves (VUCs).
 
Motocicletas-Há hábitos que vêm se tornando comum na sociedade de consumo brasileira. Um desses costumes está na compra do primeiro veículo. Na grande maioria das regiões do país, a motocicleta tem sido o primeiro veículo adquirido. Essa primeira realização pessoal ou familiar passa também pelo poder aquisitivo, o que leva, muitas vezes, a optar pelo Sistema de Consórcios, mecanismo simples e econômico para conquista desse objetivo.
 
Ao utilizar a motocicleta principalmente nas atividades profissionais por fazer deslocamentos mais rápidos e fáceis frente às deficiências do transporte urbano de passageiros, as vendas de cotas de motocicletas deverão apresentar evolução.
 
A participação setorial continuará em torno de 50% do total de participantes ativos do Sistema de Consórcios, e uma previsão para continuar escoando 30% das vendas internas do mercado de duas rodas.
 
Imóveis - Depois de um ano atípico, quando os preços dos imóveis se valorizaram acima do esperado, resultado de novos empreendimentos e do bom desempenho vivenciado no país, aguarda-se que o setor de construção busque a acomodação dos valores passando a viver um período de estabilidade neste e no próximo ano, apoiado inclusive no aumento de 7,46% do seu nível de emprego em 2011, segundo estudo da assessoria econômica da ABAC.
 
Assim, os consórcios passarão por uma nova atratividade este ano, visto que a variação anual da carta de crédito tenderá a se aproximar do valor do imóvel. Uma situação que reafirma o objetivo das pessoas físicas na formação de patrimônio pessoal ou familiar e para as pessoas jurídicas, no empresarial, mencionada na pesquisa feita pela Quorum Brasil para a ABAC, quando os consorciados apontaram o consórcio de imóveis como um bem de futuro, ao lado da poupança e dos imóveis.
 
Eletroeletrônicos - A constante atualização tecnológica dos eletroeletrônicos tem feito do consórcio o meio mais fácil, simples e barato para renovação periódica de bens duráveis em casa ou no escritório.
 
Desta forma, muitos brasileiros continuarão mudando seus hábitos de consumo adquirindo, por meio de cota de valor maior, vários bens por ocasião da contemplação. Essa tendência, observada em anos anteriores, deverá continuar em 2012.
 
Serviços - Enquanto nos setores de bens há maturidade nas atitudes do consumidor, no de Serviços, que está completando seu terceiro ano de autorização, deverá experimentar a ampliação da diversidade e a multiplicidade de aplicações.
 
As administradoras de consórcio que já atuam e aquelas que poderão vir a atuar no setor de serviços deverão buscar novos nichos, a caminho da sua consolidação.
 
Conclusões -“A segurança no emprego, registrada por mais de 80% das famílias brasileiras, segundo o Ipea, faz o consumidor se sentir confiante em assumir compromissos de longo prazo como os consórcios. Baseado na educação financeira, onde o planejamento e o consumo responsável são os passos iniciais, o veículo novo ou seminovo, a sonhada casa própria, a troca dos eletroeletrônicos e a utilização do consórcio de serviços tornam-se cada vez mais possíveis”, completa Rossi.
 
50 anos do sistema de consórcio e 45 da ABAC -Criado há 50 anos, o Sistema de Consórcios surgiu em setembro de 1962 com os primeiros grupos de consorciados, cujas características eram semelhantes aos dos atuais.
 
Desde o início, angariaram grande popularidade, o que atraiu o interesse das montadoras de veículos daquela época que iniciavam suas atividades no país. Aliás, os consórcios foram, de certa forma, responsáveis pela viabilização da indústria automobilística, visto que à época não havia linhas de crédito para os consumidores. Assim, o mecanismo tornou-se um instrumento eficiente para a consolidação do setor. A Willys-Overland, por exemplo, fabricante do Aero-Willys e do Jeep, chegou a ter mais de 55 mil consorciados, em 1967.
 
Entre os bens móveis duráveis estão, além dos automóveis, as motocicletas, eletroeletrônicos, caminhões, ônibus, tratores, implementos agrícolas e rodoviários, aeronaves, embarcações, instrumentos musicais, pneus etc. Os consórcios de imóveis incluem grupos de residências, instalações comerciais, rurais, terrenos, construção, reformas, entre outros.
 
Mais recentemente, há três anos, entrou em vigor a Lei dos Consórcios nº 11.795/2008, que dispõe sobre o Sistema de Consórcios no país. O seu teor trouxe ainda a autorização para realização dos Consórcios de Serviços, cujos resultados já são observados nos setores de saúde e estética, festas e eventos, educação, turismo, entre outros.
 
Em junho de 1967, cinco anos depois da criação do Sistema de Consórcios, as administradoras fundaram a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), entidade de classe sem fins econômicos, que representa atualmente 165 associados. Ao completar 45 anos de existência, a associação tem desempenhado papel importante no desenvolvimento do Sistema, atuando como interlocutora de seus filiados junto às autoridades competentes e em apoio aos consorciados. [www.abac.org.br].
 

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